No inicio de 2019, quando ainda ninguém sequer imaginava a vinda de uma pandemia, o assunto do momento era o tal do Inbound Marketing. Uma ferramenta milagrosa que prometia trazer leads preparados sem que isso exigisse um esforço de uma pessoa específica.
Nessa época, o pico do inbound de sucesso eram os materiais isca. E-books bem estruturados, texto com SEO avançado e facilmente encontrado pelo Google, enfim, produtos que precisavam de conteúdo para atrair.
No comércio exterior, o boom da produção de conteúdo nesse formato começou por aí, entre 2018 e 2019. Desde esse boom, surgiram muito produtores de conteúdo. Alguns para marketing pessoal, outros para criar esses materiais que serviriam como isca para captação de leads.
Porém, é aí que o fenomeno “faça você mesmo” começou a mudar o rumo da interpretação de marketing que temos hoje, criando um perigosíssimo limitador – confundir produção de conteúdo com marketing.
Uma ferramenta que, sozinha, não cumpre objetivos
Acontece que pela cultura de que “marketing é sempre algo secundário”, muitas empresas começaram a investir em produtores de conteúdo para suprir seus “investimentos em marketing” e isso antes mesmo de contratar de fato um profissional da área para orientar essa produção.
Infelizmente muitas decisões nesse período foram tomadas por “fulano está na primeira página, eu também quero estar” ou “ciclano tem um e-book, eu também preciso ter”. Assim, começaram a surgir diversos conteúdos pelo ambiente digital, todos com uma semelhança avassaladora: eram criados sem um propósito.
E não, aparecer na primeira página não é um propósito, é um caminho para algo. Sem objetivos específicos, estratégias bem definidas e noções reais de análise de resultados, a ferramenta produção de conteúdo se torna completamente inútil.
Pior que inútil, é você acreditar que está indo super bem, mas na verdade apenas está acostumando o algoritmo dentro de uma bolha de comportamento. Fazendo com que você até pareça estar fazendo “branding”, mas que na verdade, não está chegando a menos de 1% do mercado.
O que é marketing de verdade:
Marketing na verdade é um conjunto de ações, traçadas com base em uma estratégia específica, com uma meta igualmente clara. Marketing lida com dados de mercado, preço, praça, produto… marketing se pensa muito antes de se executar.
A partir do momento que a ferramenta produção de conteúdo é utilizada “só pra postar algo” você está jogando dinheiro fora.
Vou trazer algumas informações para você entender o impacto de um marketing pensado:
Em 2019, a Televisão paga perdeu 10% de sua audiência. Já a televisão aberta, perdeu 6,5% dessa porcentagem. Nesse mesmo periodo, foram constatados mais de 1,2 bilhão de sites, sendo que 55% desse número são de blogs.
Olha que impactante, ao mesmo tempo que a TV sai de cena, aumentam os números de blog. Lindo né? De fato, esse seria um dado que faria qualquer um investir em produção de conteúdo para blog. Porém, vamos lembrar que estamos em 2023.
Em janeiro de 2019, o Instagram contava com 69 milhões de usuários, em 2022 esse número passou para 2 Bilhões de usuários. Sabe o que aconteceu com os blogs? Sim, você acertou. Caiu 30% comparado ao ano anterior.
Você deve imaginar que consequentemente o consumo de vídeos aumentou e pasmem, as “leituras em áudio” também.
Marketing explica como usar a ferramenta
Se hoje me perguntam o impacto da produção de conteúdo escrito em uma campanha estruturada de marketing de uma empresa, eu daria uma proporção de 1/5. Sim, ela é importante, mas hoje não é efetiva se não for utilizada em conjunto com outras ferramentas.
Se o conteúdo escrito fosse completamente descartável, você não estaria lendo esse texto agora. Porém, é de se notar que você é uma pessoa interessada em um tema ESPECÍFICO e possui diferentes graus de consumo de conteúdo.
Certamente você vê dicas de marketing no seu Instagram, acompanha profissionais que tem um bom desempenho, gosta de estar atualizado, volta e meia, quando consegue tempo, assiste uma live ou um podcast. Certamente você vê mais cortes de podcast que da fato o escuta inteiro (só quando o tema parece muito interessante).
Pois bem, ISSO é marketing. Entender o comportamento completo do usuário a ponto de suprir todas as necessidades de produção de conteúdo, visualização, acessibilidade e por aí vai.
O sucateamento da palavra marketing
Se você não consegue conversar com seu prestador de serviço que lhe oferece “marketing” sobre todas as possibilidades de marketing efetivamente, você precisa entender que esse prestador de serviços pode ser apenas alguém que disponibiliza algumas ferramentas.
Em meu tempo como planner de alguns eventos em São Paulo, tive a oportunidade de criar ofertas comerciais para diferentes clientes, fazendo a conexão da necessidade deles com as ferramentas que os eventos ofereciam. Cada cliente era único. Cada cliente tinha uma maneira completamente diferente de executar uma mesma ferramenta.
Se eu não soubesse exatamente qual era o DNA daquele cliente, quais eram seus objetivos e o que ele poderia fazer de inovador dentro do espaço do evento, eu teria uma oferta frustrada.
Pois bem, o MESMO acontece com o marketing para empresas ou para pessoas físicas que querem crescer de maneira autônoma.
Se eu não conheço a alma daquele projeto, se eu não entendo com profundidade cada necessidade, eu estarei enchendo linguiça. Isso pra mim é inadmissível.
Por isso, como profissional que estudou, se formou, estudou mais, se especializou, criou metodologias, se aprofundou no tema, é absurdamente doloroso ver quando alguém, de conhecimento parco ou que vulgarizam o marketing, vender uma ideia de execução de uma única ferramenta como se aquilo fosse marketing. Não é, nunca será e o resultado não virá.
Por fim, você vai saber que é marketing porque irá SENTIR isso
Eu efetivamente vejo como uma reunião de brainstorm impacta na rotina dos meus clientes. O planejamento e o estudo dedicado de cada situação, assim como o levantamento de dados pré execução, me fazem ter a certeza de que não iremos jogar com o tão suado investimento do cliente.
Cliente sabe, cliente é gente, cliente sente. Ele sente se você trata ele como uma mera meta comercial ou quando o projeto de sucesso dele é realmente importante para quem presta serviços. É um marketing que se vê, que se sabe e que se sente.
Acredito muito que mesmo com inteligencias artificiais ocupando qualquer espaço operacional, iremos conseguir discernir muito bem quando algo é marketing ou quando é apenas uma oferta de serviço específico. Vejo com bons olhos a verdadeira humanização do marketing e a utilização de maneira correta (e decente) de dados e conquistas de metas.
Tomara, penso eu, que isso aconteça rápido, antes que eu gaste meu réu primário (risos).